Quem são os Deputados e Deputadas que se engajaram contra a agenda de mudança climática e se reelegeram?

Postado por OLB em 19/06/19

Apenas 18 dos 50 piores parlamentares estão na legislatura 2019-2022

Para conhecer melhor o Congresso eleito em 2018, o OLB identificou os Deputados e Deputadas da nova legislatura que trazem consigo um histórico de engajamento na agenda de mudança climática. Selecionamos os 50 melhores e piores parlamentares do ranking “Mudanças Climáticas” da legislatura passada (2015-2018) e cruzamos com a nova composição da Câmara dos Deputados. Embora muitos não tenham sido reeleitos, vários daqueles que continuam na Câmara exercem cargos de liderança na nova legislatura, indicando que o tema mobiliza ao menos parte dos deputados e deputadas com maior influência na Casa.

A liderança é um ativo valioso para os parlamentares. Líderes podem falar pela bancada, orientar votações e indicar congressistas para integrar comissões. Tais funções lhes confere destaque no funcionamento da Câmara dos Deputados.

Dos 50 parlamentares que obtiveram as notas mais baixas do ranking, 40 concorreram a novo mandato na Câmara e apenas 18 tiveram êxito. Já entre os 50 com as melhores notas, 44 tentaram concorreram novamente e 29 conseguiram se reeleger. A diferença é significativa, mas não indica necessariamente que a pauta da mudança climática tenha sido decisiva no desempenho eleitoral. Por ora, é possível apenas afirmar que os partidos que compuseram a lista dos 50 piores colocados no ranking foram mais afetados pela renovação parlamentar de 2018 do que aqueles que compuseram os 50 melhores.

Boa parte dos reeleitos exercem hoje cargos importantes na Câmara dos Deputados, ou são políticos mais conhecidos do público. Dentre os 18 que mais atuaram contra a agenda mudança climática e conseguiram se reeleger, temos parlamentares conhecidos, como Celso Russomanno, apresentador de TV e candidato à prefeitura de São Paulo em 2012 e 2016. Também encontramos Aguinaldo Ribeiro, atual líder da Maioria na Câmara. Há ainda outros 6 parlamentares que estão ou estiveram em posições estratégicas nesse início de legislatura.

Já entre os melhores posicionados no ranking “Mudanças Climáticas” e reeleitos, um número ainda mais expressivo ocupa ou ocupou cargos de liderança na nova Câmara: 14 de 29, praticamente a metade.

Duas ponderações são importantes. Primeiro, embora a taxa de reeleição tenha sido relativamente baixa em 2018, os parlamentares mais engajados na agenda de mudanças climáticas continuam a ter destaque na organização da Câmara dos Deputados e possivelmente continuarão a exercer influência na tramitação de proposições relevantes ao tema.

Segundo, esse resultado indica que a agenda de mudanças climáticas é um tema presente para boa parte das lideranças do Congresso. Já havíamos detectado no boletim anterior que parlamentares mais engajados no tema preferiram participar de comissões outras que não a do Meio Ambiente.

Essa análise indica haver, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio para aqueles que se preocupam com as proposições que afetam a agenda de mudança climática. Se por um lado os resultados mostram que proposições relacionadas ao tema são consideradas relevantes por políticos de maior influência no Congresso, por outro revelam também que essa agenda terá de disputar com outros temas a atenção e o investimento de deputadas e deputados para que possa avançar.

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